A ideia de Democracia surgiu na
Grécia Antiga este termo teve sua origem na língua helênica, formado por dois
radicais: demos, que significa povo,
e kratos, que é poder. A democracia
consiste em Empoderar o povo em suas decisões. Este conceito é muito amparado
pela ideia do “Vox Populi, Vox Dei” ou seja a Voz do Povo é a voz de Deus. A
democracia é o governo do povo, aonde a maioria determina um caminho comum a
todos.
A grande questão é: O evangelho é
uma democracia? O conceito de democracia é um conceito bíblico?
Sou cristão Batista desde 1994. As igrejas Batistas (Tradicionais) adotam o modelo congregacional democrático e
uma das tradições de nossa denominação é a realização de assembleias ordinárias
para suas principais decisões, estas assembleias são compostas por membros da
igreja, a porcentagem necessária para uma decisão varia de acordo com o
estatuto de cada igreja, mas para a maioria das decisões é necessário a maioria
simples, existem algumas exceções apenas na escolha de um novo pastor, ou
aquisição ou venda de algum bem da igreja. Um dos princípios Doutrinários dos Batistas
é a autonomia da Igreja local, com isso as decisões das igrejas batistas não
são centralizadas por uma matriz ou líder.
Gostaria de destacar dois pontos
importantes nesse sistema. O primeiro é que decisões democráticas envolvem mais
a igreja nos compromissos, principalmente nos compromissos financeiros. É
importante que cada membro faça parte da vida igreja, discutindo assuntos e
propondo soluções.
Outro ponto importante da participação
do grupo nas decisões é que esta responsabilidade não fica toda em cima da
liderança, e isto é uma segurança tanto para o grupo como também para o próprio
líder. Conforme Provérbios 10:14 14 “Não
havendo sábios conselhos, o povo cai, mas na multidão de conselhos há
segurança.” Ou seja o poder não fica centralizado nas mãos de uma única
pessoa, e com isso a consequência de uma decisão é dividida com o grupo.
No entanto, não existe um consenso
de qual o limite desta “democracia” até porque este conceito não é bíblico e
por isso não é parametrizado, cabendo uma interpretação das igrejas no momento
da elaboração dos Estatutos. De acordo com o código civil brasileiro as
instituições religiosas devem registrar seus estatutos em cartório com maioria
simples da membresia. Porém quais as decisões devem ser tomadas em plenário ou
pela própria liderança?
Nesta discussão fico incomodado
com dois pontos. O primeiro está no próprio conceito da palavra Democracia que
quer dizer governo do povo. Vivemos um tempo que as pessoas querem ter o
controle de tudo, estamos na era da interatividade. Nas redes sociais as
pessoas controlam quem entra, quais os conteúdos que querem ver, se curti se
não curti. Nos cursos universitários cada vez mais se vê matérias optativas.
Enfim o controle está nas suas mãos.
Isto tudo tem afetado nossa
relação com Deus e com o seu reino. Cada vez mais queremos que a Igreja se
amolde a nossos gostos, Samuel respondeu a voz que o acordara “Fala Senhor que
teu servo ouve” no entanto nos dias atuais muitos diriam “Ouve senhor que teu
Servo Fala”, é comum observarmos letras de Louvores cada vez mais centradas no
Homem e na satisfação de seus prazeres. Estamos no tempo em que os "crentes" querem determinar o que Deus deve fazer, o dia e hora. Um tempo que as pessoas querem "Restituição, querem de volta o que é deles", até mesmo a ideia de salvação fica prejudicada e muitos pensam que foram ELES que aceitaram a Jesus, e que a Salvação está em suas mãos, o homem quer controlar TUDO.
Aonde na Bíblia está escrito que
as decisões da maioria são as melhores???? A maioria quis Saul como Rei, o
grande público adorou a um bezerro no deserto, a maioria dos espias decidiram por
não conquistar Jericó, e a multidão escolheu veemente BARRABÁS. Quando os
discípulos (observe os discípulos e não as 120 pessoas que compunham a primeira
igreja) tiveram que decidir quanto à escolha do substituto de Judas fora
utilizado método Judaico de tirar a sorte, mesmo método utilizado na escolha de
Saul, no entanto após a decida do Espírito Santo tivemos em Jerusalém o
primeiro concílio e mais uma vez os discípulos, e não a totalidade da igreja, se
reuniram paral tomar uma de decisão, Atos 15:28
diz o seguintes “Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos
impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias” Observe que
apesar da decisão ser tomada em colegiado os discípulos reconhecem que o
poderio da do processo é do próprio Espírito Santo.
Por isso quando uma decisão for
tomada, quer seja por colegiado (pastores, diáconos e diretoria), quer seja por assembleia é importante que este
grupo esteja ciente que devem ser guiados pelo Espírito Santo do Senhor, evidenciado
por seu Fruto descrito em Gálatas 6, isto porque nem sempre haverá unidade
nas decisões, sim nem sempre pensamos igual e em muitos casos somos
contrariados em uma decisão na igreja. Já participei de assembleias em que o
clima era de um Campo de Batalha, não podemos permitir que a Casa do Senhor se
torne em uma trincheira de Guerra. Como ocorreu com Josué, Kalebe, Elias e
tantos homens de Deus a minoria pode estar em plena sintonia com a vontade do
Senhor, e precisamos ser submissos a nossa liderança, nem toda a decisão
precisa ser tomada em assembleia, isto é burocrático e emperra o andamento da
igreja, e demonstra falta de confiança da igreja no bom senso de sua liderança.
Outra situação que também me
chama atenção é a possibilidade do líder se escorar sempre no grupo. Líder toma
decisões, e arca com as consequências. A autoridade da liderança espiritual é
outorgada pelo próprio Deus, por isso se o líder tem um bom relacionamento com
o Senhor ele precisa confiar que é guiado pelo Espírito Santo do Senhor, e
tomar decisões. Não podemos confundir Gestor com Líder, todo líder é um bom
Gestor mas nem todo bom Gestor é um Líder. Ser um bom Gestor implica em
conhecer uma norma, e levar um grupo a executá-la com maestria, e para isso
precisa ensinar pelo o Exemplo em seu procedimento, no entanto o compromisso do
Gestor é com o cumprimento da norma, pura e simplesmente. Mas o Líder transcende
este conceito, ele deve ser um bom gestor, cumprir todos os preceitos e também
liderar pelo exemplo, no entanto o líder tem coragem de tomar uma decisão, por
mais difícil que seja, ele precisa de ousadia, me vem a memória as palavras de
Paulo ao jovem pastor Timóteo que certamente devido a sua tenra idade estaria
inseguro principalmente em algumas questões delicadas na igreja, II Timóteo 1:
6 e 7 diz o seguinte “Por esta razão te lembro que despertes o
dom de Deus, que há em ti pela imposição das minhas mãos. Porque Deus não nos
deu o ESPÍRITO DE COVARDIA, mas de poder, de amor e de moderação.”
Por fim acredito que a Igreja do
Senhor não está presa das correntes do Conceito da Democracia, não é o Povo
quem dirige a Igreja, mas o próprio Deus com braço forte tem guiado seu povo
desde o Egito até os dias de hoje. Entra Governo sai Governo, e apesar das mais
variadas perseguições nada foi capaz de deter o plano de Deus para seus
escolhidos, por isso sem medo de errar eu afirmo que ao invés da Democracia,
que vivamos a TEOCRACIA, como diz o Salmista no Salmo 33:12 “Feliz a Nação cujo
Deus é o Senhor”
Em relação à nossas lideranças precisamos
crer na promessa de Jeremias 15:15 que
diz “Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração, que vos apascentem com
conhecimento e com inteligência”
Milton Roberto Martins Sales
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